"Não mói com águas passadas,

o moinho, diz o refrão.

Como é dos mais diferentes

o moinho do coração..."

Logradouro Belle Époque


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sábado, 30 de maio de 2009


Logradouro

“Fiz uma casinha branca lá no pé da Serra pra nós dois morar...
A paisagem é uma beleza eu tenho certeza, você vai gostar!
Fiz uma capela, bem do lado da janela, pra nós dois rezar...
Quando for dia de festa, você veste o seu vestido de algodão!
Quebro meu chapéu na testa, para arrematar as coisas do leilão...
Satisfeito eu vou levar, você de braço dado, atrás da procissão!
Vou com meu terno riscado, uma flor do lado e meu chapéu na mão!”

Logradouro
A casa sendo construída (1949)...

E essa casa foi construída com tanto amor e carinho
que acredito, ainda hoje essa energia existe por lá... e emana dessas paredes!

Tempo de OURO e de muita riqueza:
De AMOR, de PAZ e de Harmonia...
Um tempo cheio de ALEGRIA,
de SONHOS e de BELEZA!

(Claudia de Goes)

Claudia goes
O casamento em 28/09/1950,
na casa do Sítio BREJO,
em Guaramiranga - CE.

Claudia Goes


“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse AMOR, seria como o metal que soa ou como o sino que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse AMOR, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse AMOR, nada disso me aproveitaria.

O AMOR é sofredor, é benigno; o AMOR não é invejoso; o AMOR não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O AMOR nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte, será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que me tornei homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a FÉ, a ESPERANÇA e o AMOR, estes três, mas o maior deles é o AMOR.” 

1 Coríntios 13:1-13



Claudia Goes
A casa pronta e a dona dentro dela!

“Ninho de amor à sombra dos rosais,
Onde vive a serrana a ser amada,
Mais feliz e mais ditosa que uma fada
Viveria em palácios ideais...”
(Esperidião de Queiroz Lima)


Claudia Goes

“O justo anda na sua integridade;
bem-aventurados serão os seus filhos depois dele”.
Provérbios 20.7


Os filhos chegando...


Claudia Maria


a primeira dos onze filhos...
do e da Maria!


"Uma Simples mulher existe que,
pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus;
e pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo;

que, sendo moça pensa como uma anciã e, sendo velha ,
age com as forças todas da juventude;
quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida e,

quando sábia, assume a simplicidade das crianças;
pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama,

e, rica, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos;
forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha,

e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões;
viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam,

e, morta tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo,
e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome desta mulher se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum: porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página:

eles lhes cobrirão de beijos a fronte; e dirão que um pobre viandante,
em troca da suntuosa hospedagem recebida,
aqui deixou para todos o retrato de sua própria Mãe."

Don Ramon Angel Jara - Bispo de La Serena -Chile

Meu pai e eu... a cumplicidade desse
nosso olhar, durou a vida inteira! 
O primeiro batizado...

realizado na capelinha de São José,
no interior da casa do Sítio Logradouro.


ministrado pelo
Padre Theógenes Gondim.



Os avós maternos:


Arcelino de Mattos Brito
e Noemi Lopes de Mattos Brito


Os padrinhos:
Helena de Mattos Brito Nogueira (Madinha),
Joíla França Barreira e
Eduíno Ellery Barreira (meu tio)

Adelaide Queiroz de Mattos Brito,
minha bisavó materna


Veja História das Famílias QUEIROZ-BARREIRA:













Eu e meu irmão Arcelino Neto

Eu e minha irmã VERA,
amigas pra toda a vida!



O Logradouro: A História (primeira parte)




“Mandas-me, ó Rei, que conte declarando
De minha gente a grã genealogia:
Não me mandas contar estranha história,
Mas mandas-me louvar dos meus a glória.”
(Canto Terceiro de Os Lusíadas)

Sítio LOGRADOURO
Guaramiranga - Ceará - Brasil


A primeira casa do sítio construída  em 1905  por
José Marinho Falcão de Goes
(meu avô paterno)   
José Marinho Falcão de Goes
Engenheiro Agrônomo,
formado em Louvain, na Bélgica. 

Identidade de José Marinho

Angelina e José Marinho
*  *  *  *  *  *  *  *

Localizado no município de Guaramiranga, no topo da Serra de Baturité, região Centro-Norte do Estado do Ceará, o
"Sítio Logradouro"

foi adquirido
pelo coronel José Marinho Falcão de Goes,
em 1905, início do século passado,
da firma francesa Boris & Frères, por trinta e cinco mil contos de réis.

A História: O sítio Logradouro pertenceu ao português Manoel José D'Oliveira Figueiredo, da Fazenda Bom Sucesso, o famoso Coronel Figueiredo dono das Moedas que fizeram história... Com o fim do primeiro ciclo do Café ele se viu com muitas dívidas e em 1904 entrega a propriedade aos seus credores, os Boris. Em 1905 meu avô compra o sítio aos franceses...

Veja detalhes da historia das Moedas no Blog:
http://sitiosaoluiseaserradebaturite.blogspot.com.br/2010/09/breve-historia-da-serra-de-baturite.html

José Marinho Falcão de Góesnasceu em Quixadá no dia 21 de Fevereiro de 1876.
Era filho de Gaudioso Simão de Castro Góes e de Joanna Lydia Barreira Marinho Falcão de Góes (filha do coronel José Marinho Falcão e de dona Maria de Jesus Barreira, prima do Dr. Ignácio Barreira Nanan).

Eram seus irmãos:

- Júlia Barreira Marinho de Góes, casada com o Prof. Júlio Holanda, Tenente Coronel e primeiro professor de Guaramiranga.
- Maria de Góes Queiroz Lima, tia Mariinha, casada com Dr. Esperidião de Queiroz Lima, médico, poeta e escritor.
- Francisco (Goezinho)
- Angelita de Góes Cabral, casada com Laurênio Cabral, que foi legionário da Força Expedicional do Acre.
- Clotilde de Góes Queiroz Limacasada com Dr. João Batista de Queiroz Lima, irmão do Dr. Esperidião, ambos filhos do Dr. Arcelino de Queiroz Lima, e de Dona Rachel de Queiroz Lima, donos da Fazenda Califórnia, em Quixadá, ver no Blog:
HISTÓRIA das Famílias QUEIROZ-BARREIRA - A Califórnia

Meu avô José Marinho ficou órfão de pai aos nove anos de idade, sendo ele o mais velho de seis irmãos. Sua mãe, dona Lydia, recorreu ao seu cunhado Dr. Adolpho Siqueira Cavalcante, pernambucano, primeiro juiz da comarca de Quixadá e casado com sua única irmã Maria Marinho Siqueira Cavalcanti (Neném), para orientá-la nos negócios e na administração das propriedades deixadas pelo seu marido. Como eles não tiveram filhos, ajudaram também na difícil tarefa de criar e educar seus sobrinhos.
José Marinho Falcão de Góes iniciou seus estudos em Quixadá. Depois já em Fortaleza, estudou no colégio do Dr. Anacleto de Queiroz, seu parente, tendo entre seus colegas os irmãos João e José Quintino da Cunha, sendo este último, o conhecido advogado e poeta cearense Quintino Cunha, amizade que ele conservou por toda vida. Concluiu o curso colegial aos 17 anos, em 1893, quando embarcou para a cidade de Louvain, na Bélgica, juntamente com vários outros quixadaenses, entre eles o Dr. Eurico Olímpio e o professor Júlio Holanda (o colégio da CNEC de Guaramiranga tem seu nome, por ter sido ele o primeiro professor da Vila de Guaramiranga), que casou com sua irmã Júlia Barreira Marinho de Góes.
Em Louvain, estudou no colégio “La Trè Santinitré”, dirigido pelos padres Josefitas, onde permaneceu por cinco anos até 1897, quando se formou Engenheiro Agrônomo aos 21 anos de idade.
De volta da Europa, o jovem engenheiro foi morar no Sítio São José, propriedade de sua mãe em Guaramiranga (vizinho ao Sítio Logradouro) que até então havia sido administrada pelo Dr. Adolpho Siqueira, seu tutor. Em 25 de maio de 1901 casou-se com sua prima Angelina de Góes Saldanha Ellery (Angelina Ellery Marinho de Góes), filha de Eduardo Saldanha Ellery e Angélica de Castro Góes.
O casal ficou residindo no Sítio São José até 1904.
Em 1905 o coronel José Marinho adquiriu dos Boris & Frères o sítio Logradouro, por trinta e cinco mil contos de réis, e depois de construírem ali uma modesta casa, mudaram-se para lá. O Sítio Logradouro pertenceu antes, ao rico empresário português, Manoel José d'Oliveira Figueiredo.
O casal não teve filhos e perfilhou o sobrinho de Angelina, José, meu pai, que ao nascer foi registrado por seu pai legítimo com o nome de:

José Ellery Barreira,
adotando posteriormente o nome de:

José Ellery Marinho de Góes (Zelito).


JOSÉ, em 23/10/1925 - 2 anos


Minha avó Angelina (á esquerda da foto),
atrás de meu avô José Marinho,
sentado, com meu pai no colo.

JOSÉ (Zelito) meu pai


JOSÉ em 23/10/1933 - 10 anos








José Ellery Marinho de Góes (Zelito)


Meu pai nasceu na manhã do dia 23 de outubro de 1923, às 06:30 h de uma terça feira, na residência oficial do DNOCS, um chalezinho que ainda hoje existe no final da parede principal do açude do Cedro, em Quixadá. Foi registrado por seu pai com o nome de JOSÉ ELLERY BARREIRA, no dia dia 25 de outubro, em Quixadá. Batizou-se no dia 13 de novembro de 1923.
Seu pai, o Dr. Ignácio Barreira Nanan, morava ali onde trabalhava como Engenheiro Agrônomo residente.
Foi o 11° filho do Dr. Barreira e de Córa Ellery Barreira. Sua mãe Córa faleceu uma semana após o parto, aos 39 anos de idade, em 31 de outubro de 1923, deixando viúvo o Dr. Ignácio Barreira com seus dez filhos ainda muito pequenos.
No dia 14 de novembro de 1923, meu pai foi entregue aos cuidados de sua tia Angelina, irmã de sua mãe.
Angelina era casada com o Engenheiro Agrônomo José Marinho Falcão de Góes, primo de seu pai.
Eram seus irmãos:
Eduardo, Ignácio, Juarez (falecido ainda criança), Angélica, Eduíno, Juarez, Adalberto, Violeta, Iridéia e Margarida Maria.


* * * * * * * * * * * * *

Essas anotações foram transcritas de uma caderneta de uso pessoal do meu avô Ignácio Barreira:

"Casei-me no dia 2 de fevereiro de 1904 a uma hora da tarde, no Sítio Espírito Santo no Alagadiço, em Fortaleza. Eu com 24 anos e a Cora com 19 anos.
Nosso primeiro filho:
Eduardo
Nasceu no dia 22 de dezembro de 1904, no Cedro, às 8 1/2 horas da noite de 5ª feira; Registrado em Quixadá no dia 24. Batizou-se em Fortaleza no dia 2 de fevereiro de 1905, sendo padrinhos seus avós maternos: Eduardo e Angélica Ellery.

Ignácio
Nasceu no dia 28 de fevereiro de 1906, no Cedro às 7 e 1/2 horas da manhã, 4ª feira, registrado em Quixadá. Batizou-se no dia 19 de abril de 1906, no Cedro, sendo padrinhos seus avós paternos, Coronel Nanan e dona Mulatinha.

Juarez
Nasceu no dia 26 de agosto de 1907 às 12 horas da manhã no Sítio Espírito Santo no alagadiço em Fortaleza. Batizou-se no dia 9 de outubro de 1907 em Quixadá, sendo seus padrinhos, Arcelino e Francisca Barreira.

Angélica
Nasceu no dia 18 de fevereiro de 1909, às 2 horas da tarde, em Maranguape (serra). Batizou-se nos Palmares no dia 19 de abril, sendo padrinhos, José e Angelina Marinho.

Eduíno
Nasceu no dia 16 de dezembro de 1912, às 4 1/2 horas da tarde, nos Palmares; Registrado em Quixadá no dia 18 de dezembro. Batizou-se nos Palmares a 19 de abril de 1914 sendo seus padrinhos Dr. Coelho Sobrinho e Sarah.

Juarez
Nasceu no dia 25 de julho de 1914 a 1 hora da manhã, no Sítio Giráu; Registrado em Guaramiranga no dia 25 de setembro, batizou-se no mesmo dia, sendo seus padrinhos Dr. Piquet Carneiro e Adília Barreira.

Adalberto
Nasceu no dia 19 de outubro de 1916 às 10 1/2 horas da manhã, 5ª feira, à Rua Dona Isabel, em Fortaleza; Registrado no dia 28 de outubro em Fortaleza. Batizou-se no dia 16 de dezembro de 1916, sendo seus padrinhos Dr. Couto Fernandes e Dona Zuleica C. Fernandes.

Violeta
Nasceu a 26 de maio de 1918 às 9 horas da manhã, domingo, à Rua dona Isabel, em Fortaleza; Registrada no dia 28 de maio em Fortaleza. Batizou-se no dia 16 de fevereiro de 1920, em Fortaleza, sendo seus padrinhos, Dr. Sula e Ydalba Barreira.

Iridéa
Nasceu a 20 de março de 1920 às 6 horas da manhã, sábado, registrada a 5 de abril de 1920 em Fortaleza. Batizou-se a 23 de maio de 1920, Domingo do Espírito Santo, sendo seus padrinhos, Francisco Barreira e Otília Barreira.

10° Margarida Maria
Nasceu a 21 de agosto de 1922 às 9 horas da manhã, 2ª feira, registrada em Fortaleza em 22 do mesmo mes. Batizou-se no dia 6 de novembro em Fortaleza, sendo os padrinhos, Gonzaga e Santinha.

11° José
Nasceu a 23 de outubro de 1923 às 6 1/2 horas da manhã, 3ª feira, no Cedro; Registrado no dia 25 em Quixadá. Batizou-se a 13 de Novembro de 1923, sendo seus padrinhos, João Firmino e Nenem.

14/11/1923 - A Angelina levou-o, dei-o porque não tinha mãe, e assim Deus quis...

* * * * * * * * * * * * *

Até 30 de outubro de 1923, vivemos na mais pura felicidade, esta quebrada para sempre, com a morte que separou-nos em 31 de outubro de 1923.
A Cora era dotada de tantas e tão boas qualidades que só eu no convívio de 19 anos, 8 meses e 29 dias, pude bem apreciá-la, e quanto mais dias se passavam, outras qualidades descobria, chegando muitas vezes de ogulhar-me dela. As qualidades da Cora, são dignas de serem imitadas, e peço aos meus filhos que nunca se esqueçam dela.
Barreira
31/10/1923"

* * * * * * * * * * * * *

O Dr. Barreira, depois de viúvo, casou-se em segundas núpcias com sua cunhada Ana de Góes Ellery (mais conhecida como Nóca), com quem teve uma única filha a quem deu o nome de Cora, em homenagem à sua primeira esposa, irmã de Ana e de Angelina.

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Meu avô Ignácio Barreira Nanan

Minha avó Cora Ellery Barreira
Ignácio Barreira Nanan,
nascido em 16/02/1880, faleceu em 03/11/1932, aos 52 anos de idade.

Cora Ellery Barreira,
nascida em 19/04/1884, faleceu em 31/10/1923, aos 39 anos de idade.

O Logradouro - A História (segunda parte)


Sítio Pau do Alho
Pacoti - Ceará - Brasil
Sobrado do Pau do Alho
Localizado na entrada de Pacoti, o Sítio Pau do Alho foi comprado pelo coronel José Marinho Falcão de Goes ao seu primo Aprígio Alves Barreira Cravo.
Uma construção arrojada, do final do século XVIII, que abrigava no sótão uma das únicas senzalas da Serra.

O Pau do Alho foi uma das poucas propriedades da Serra de Baturité que não pertenceu aos BORIS (Boris & Frères).
O Coronel Epifânio vendeu ao seu amigo Aprígio Alves Barreira Cravo, e este vendeu a seu primo e meu avô José Marinho Falcão de Goes. Desde então o casal, José Marinho e Angelina passou a residir definitivamente nesse velho sobrado.

Nesse mesmo sobrado, em 8 agosto de 1889 (três meses antes da Proclamação da República) foi servido um banquete ao Conde D’Eu, casado com a princesa Isabel. O Príncipe consorte e sua comitiva estiveram aí por ocasião de sua passagem pelo Maciço de Baturité, quando a propriedade ainda pertencia ao coronel Epifânio Ferreira Lima.



O coronel José Marinho, hospedou também aí, reiteradas vezes, o advogado e poeta cearense Quintino Cunha, seu colega de colégio e amigo de infância.
Em uma dessas visitas o irreverente poeta compôs a belíssima poesia – Comunhão da Serra – presenteando-a ao amigo anfitrião.
Tempos depois, João Quintino compôs uma melodia para os versos do irmão, cantada em muitos serões, em reuniões festivas e serestas que se faziam pelos inúmeros recantos da Serra.


COMUNHÃO DA SERRA
José Quintino da Cunha (1875-1943)

Ontem, à noite, eu vi a minha Serra,
Como uma virgem, trêmula, contrita,
Recebendo de Deus, daqui da terra,
Uma hóstia do Céu, hóstia bendita.

Como foi, para vê-la assim? De neves
Era o véu transparente, que a cobria,
Vendo-se aqui e ali negros tons leves,
Do negro que do verde aparecia.

Tons negros, talvez restos, que os comparo,
De alguma nuvem torva, esfacelada.
Por Deus, que só queria o Céu bem claro,
Porque ia dar a hóstia consagrada!

O cafeeiral, que rebentava em flores,
A grinalda na fronte lhe botava;
E o frio, rebento dos temores,
No seu íntimo, o frio rebentava!

Assim a Natureza era o sacrário,
De onde Deus dava a comunhão radiosa
À Serra! E era o Céu o grande hostiário
E era a lua, a hóstia luminosa.

E digam que eu não vi a minha Serra,
Como uma virgem, de grinalda e véu,
Recebendo de Deus daqui da terra,
A hóstia luminosa lá do Céu!


Vista lateral do SOBRADO
O coronel José Marinho e Dona Angelina, meus avós paternos, moravam no Sítio “Pau-do-Alho”, em Pacoti, quando José, meu pai, iniciou seus estudos em 17 de janeiro de 1930, com a professora dona Maria Estella.
Logo em seguida, nesse mesmo ano, foi matriculado no Patronato das Irmãs de São Vicente de Paulo, uma Instituição que aí se estabeleceu por iniciativa de Dona Angelina, em terras doadas pelo casal que sempre manteve sua incondicional ajuda. Tempos depois, o filho Zelito fez outras doações de terrenos para ampliação da sede e do sítio onde ficou sediado o Instituto Maria Imaculada.
Nesse colégio ele foi alfabetizado pela Irmã Olga Ferraz, paulista de nascimento, muito culta, uma das fundadoras daquela instituição de caridade, dirigida por ela durante muitos anos.
No dia 18 de março de 1932 foi interno no Colégio dos padres Salesianos, em Baturité.
No dia 3 de novembro desse mesmo ano de 1932, faleceu o Dr. Barreira aos 52 anos de idade, o pai biológico de José, a quem ele tinha como um tio muito especial e querido, mas desconhecendo que era ele o seu verdadeiro pai...
Em março de 1933 José foi para o internato dos padres Jesuítas, na Escola Apostólica de Baturité, e aí permaneceu até o final do ano de 1934.
Depois em Fortaleza, estudou no Colégio São João, no Colégio Fortaleza e no Colégio Cearense, tendo feito grandes e valiosas amizades entre os colegas destes conhecidos estabelecimentos de ensino pelos quais ele passou, sempre citados com muito carinho em suas histórias.

No início 1945, quando cursava o final do terceiro ano do segundo grau, faleceu na cidade do Rio de Janeiro, seu pai José Marinho Falcão de Góes.
Zelito, como era chamado pelos colegas e amigos, sendo filho único do casal, teve que abandonar os estudos para administrar as inúmeras propriedades que ficaram a seu encargo e de sua mãe Angelina.
Os sítios na Serra de Baturité: Logradouro, Pau do Alho, Nancy, Casa Branca, Sobradinho, Assaré, Estados Unidos, Tijuca, Paca, entre outros; e as fazendas em Quixeramobim: Cachoeira e Jacaraí, localizadas no distrito de Uruquê.

Placa denominando a Rua principal na entrada de Pacoti.

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Meu aniversário comemorado no velho sobrado...

José Marinho Falcão de Góes
faleceu no Rio de Janeiro em 24 de maio de 1945, aos 69 anos de idade.

Angelina Ellery Marinho de Góes (Dindinha)
faleceu em Fortaleza, em 8 de janeiro de 1958, aos 64 anos de idade.